SÍNDROME DA REFERÊNCIA OLFATIVA: MAU ODOR POR TODOS LADOS
Vamos confessar: inseguranças sobre o próprio cheiro todo mundo tem, não é mesmo? Realmente não é nada agradável emitir odores ruins. Afinal, eles nos fazem passar por situações de aflito e atrapalham muitos momentos. Mas se mesmo após o cuidado com toda a higiene pessoal, lhe parece que o mau cheiro não passa, persistindo durante todo o dia, é hora de buscar ajuda profissional.
O mau hálito, o “cecê” e o chulé são odores capazes de sensibilizar o nosso epitélio olfativo. Entretanto, se esses cheiros persistirem por algum tempo, acontecerá a acomodação olfativa, seja o odor bom ou ruim. A verdade é que não somos capazes de conferir o nosso próprio cheiro. Por isso, muitas pessoas passam muito tempo malcheirosas, sem a consciência dessa perturbação. A boa notícia é que para qualquer odor existe um controle. E se esse tratamento for seguido à risca, os resultados são satisfatórios a ponto do mau cheiro desaparecer.
No entanto, algumas pessoas podem desenvolver um distúrbio raro que as fará pensar que estão fedidas, com cheiro nas axilas, boca e genitais, quando na verdade isso não acontece. Com isso, elas acabam se isolando, não saem de casa e algumas até mesmo tentam cometer suicídio. Esse problema é conhecido como síndrome de referência olfativa.
O que é e quais são as consequências?
Em 1971, o neurologista Pryse-Phillips relatou a síndrome da referência olfativa, descrevendo-a como uma percepção irreal sobre a exalação do mau odor corporal. Segundo relatos, as pessoas acreditavam que esse cheiro poderia ser sentido à distância e isso afetava as condições de relação social, profissional e afetiva. Nesse distúrbio, a pessoa nem apresenta mau odor corpora, mas ela sente que tem, que o mau cheiro está impregnado e que desodorantes e cuidados específicos não resolvem o problema. Isso porque, para ela, o cheiro é extremamente forte.
Então, essa pessoa acredita que o problema não tem solução. Ela crê que o fato de alguém virar o rosto, abaixar a cabeça, coçar o nariz, espirrar, oferecer balinha, sair de perto ou abrir uma janela são ações que dizem respeito ao mau odor emanado por ela. Para quem sofre com essa síndrome, todas as situações ruins que acontecem com ela são resultantes do tal mau cheiro. Alguns até acreditam que a morte é a solução.
Essas pessoas dizem sentir um cheiro de podre, de carniça, enxofre, rato, gente morta… também afirmam sentir um gosto ruim. Mas, muitas vezes, isso tudo está relacionada a um transtorno de paladar e/ou a fantosmia (odores fantasmas). Essa síndrome é uma alteração senso-perceptiva psicogênica, com desvio patológico do comportamento de pessoas que acreditam que os próprios corpos fedem sem intervalo de tempo.
Ela costuma afetar pessoas hipocondríacas. E as pessoas que sofrem com esse mal acabam se isolando e podem desenvolver o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Elas ainda podem ficar depressivas, ansiosas, inseguras, estressadas, sensíveis e algumas buscam a fuga no alcoolismo. Elas também podem desenvolver uma aversão a qualquer contato humano.
Assim como a halitofobia, a síndrome da referência olfativa pode ser decorrente de algum caso vivido na infância ou adolescência e surgir como resultado de uma única situação pela qual a pessoa passou.
Qual profissional faz o diagnóstico?
Qualquer profissional da saúde é capaz de detectar a síndrome da referência olfativa. No entanto, alguns estão mais preparados para isso, como, por exemplo, cirurgiões-dentistas qualificados no diagnóstico e tratamento do mau hálito. Alguns dermatologistas clínicos que tratam a bromidrose (cecê, chulé, mau cheiro da virilha, região genital) também são profissionais mais preparados para esse diagnóstico.
Como é feito o tratamento?
O cirurgião-dentista trata a halitose (mau hálito) e, muitas vezes, encaminha o paciente para outros médicos (gastroenterologista, dermatologista, ginecologista, endocrinologista, psiquiatra) e psicólogos. O tratamento não acontece de uma hora para outra. Existe um tempo para controle do mau hálito e alguns casos depende do desenvolvimento frente ao tratamento da desordem psicológica com terapia e medicação antidepressiva.
Profissionais da saúde não devem subestimar os sinais e sintomas da síndrome da referência olfativa. E as pessoas que recebem esse diagnóstico devem permanecer em tratamento até o momento da alta. Essas pessoas não devem jamais recusar tratamento psicológico e/ou psiquiátrico.